Lembro-me de quando:
de olhos fechados ou abertos, fazendo jogos com as cores das pedras da calçada, como todas as crianças gostam de fazer, me perdia na minha imaginação. A partir do nada, de uma pedra um pouco diferente ou de uma nuvem vulgar, começava a construir histórias das quais eu era sempre o personagem principal. Lentamente fui percebendo que essas histórias que eu vivia não eram a realidade, tal como as histórias que me liam ou que assistia na televisão.
Como a realidade nunca era o que eu imaginava enquanto saltitava ao lado da minha avó, passei a evitar imaginar as histórias mais bonitas, numa tentativa que essas se transformassem na minha realidade. Depois deixei de pensar nisso, deixei-me dessas teorias de criança. Passaram os dias, e as semanas, e os anos. E volto a pensar nisto. Em como tantos sonhos se desfazem e como tantas vezes a beleza da realidade me surpreende. Ontem fazia o jogo ao contrário, imaginando quão diferentes os meus dias poderiam ser. Como quem eu sou depende dos mais ínfimos detalhes. Aqueles nos quais nem eu reparo. Um instante e tudo seria diferente. Olho para os momentos de felicidade que vou vivendo. Não me lembro de os ter imaginado.
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