31.7.05

2...

mala aberta no meio do escritório. por todos os cantos da casa há bolsinhas, saquinhos. uma pilha de t-shirts outra de cuecas, um montinho de meias. ao lado a mochila. os guias. o livro eleito companheiro de viagem, os bilhetes, passaporte. na cozinha o saco das batatas e cebolas para a minha mãe levar: um mês pode ser o suficiente para empestarem a casa de um cheiro nauseabundo. o manual da máquina fotográfica que devia ler. claro, antes de sair deixar as casas de banho bem limpas e aspirar tudo. no meio desta tentativa de organizar, desarrumei-me. cinzenta não me apetece ir de férias, não me apetece viajar. apenas voltar a por todas as coisas nos seus sítios e não sair de casa. contar ao contrário.

25.7.05

8...

22.7.05

11...

Palavras sem sentido, sem rosto. Atiradas ao ar numa tentativa de as ver voar. Desfeitas e espalhadas pela cidade. Seladas dentro da garrafa de vidro que bebi contigo, caída ao mar para ser estilhaçada pelas ondas. Podia inventar uma morada, um nome, um rosto que não o teu. Escrevo-te com a mesma certeza de não haver resposta. Apenas por preguiça de inventar um outro rosto, outras mãos, outros começos...

21.7.05

12...

POSTSCRIPTUM apercebo o lume dum coração antigo e simples atravesso a cor luminosa dos sonhos sem me deter aqui deixo o espólio daquele cuja vida é cintilação de lugares nítidos (um pouco de café, uma carta, um pedaço de vidro) tenho a certeza de que se virasse o corpo do avesso ficaria tudo por recomeçar mas se aqui voltares talvez encontres estes papéis escritos no recanto mais esquecido da noite... talvez descubras o vazio onde o corpo desgasto esperou vou destruir todas as imagens onde me reconheço e passar o resto da vida assobiando ao medo Al Berto, Vigílias

19.7.05

14...

Oiço o rumor assustador das formigas que não pararam
Tudo recolhem e guardam... longe deste sonho de verão.
Al Berto, Vígilias

7.7.05

26, 25...

Seoul guest house Jakwanga Temple

cansaço

de dias desiguais. eternamente.

6.7.05

sonho...

com dias que se sucedem iguais. casa, marido, dois filhos, televisão sempre ligada a passar imagens de outras vidas que vivo como sendo minhas. no quarto as crianças brigam, ao meu lado, o meu marido um estranho a quem um dia amei. apenas mais um estranho. sinto-me mais familiar com as vidas vividas diante de mim na telenovela de todos os dias, à mesma hora.
trabalho das 9h às 18h. uma hora para almoçar de pé no snack em frente ao escritório.
aos domingos a ida ao centro comercial, porque há sempre qualquer coisa para ver para não comprar. no verão uma tarde na praia, antecedida de horas a preparar o que levar na geleira, seguida de horas no trânsito, dentro do carro a ouvir o relato de futebol.
férias? em agosto, no algarve, a casa alugada na praia de sempre. penso começar a ler um livro que ao fim da primeira página se torna enfadonho. bem mais agradável folhear a Caras ou a Nova Gente da recém-conhecida vizinha de toldo e sonhar com a minha vida pintada de cor-de-rosa.

4.7.05

por onde ando

de azul ondas e gaivotas para Seoul, Tóquio, Quioto, Tóquio, Seoul, Andong, Gyeongju, Busan, Daejeon, Seoul, pairando uns dias, 30, pela cidade. pode ser que aterre. dava jeito. mesmo.