23.6.04


Depois de Química Orgânica I

Química Orgânica 1

Faz hoje 6 anos que fiz essa grande cadeira. Fiz um radical corte de cabelo. Vesti um vestido beje com florzinhas bejes e com um decote bonito. O vestido ainda está pendurado no roupeiro...hum... até seria capaz de o voltar a usar (vou pensar nisso). E umas sandálias lindas que se estragaram. Gostava daquelas sandálias. Foi mesmo à 6 anos. De repente tive dúvidas. 6 anos parece muito tempo. Tempo demais. Não, nada permanece igual. Talvez eu própria permaneça demasiado igual. Talvez não. Um bom dia para celebrar! Não sei o quê, mas não é por isso que deixa de ser uma data que guardo com muito carinho. Que me deixa muito feliz. Porque me trás de volta momentos de felicidade. Ao olhar de novo a felicidade vivida há um luzinha que volta a brilhar. A certeza (esperança?) de que a qualquer instante tudo poderá voltar a encher-se de sentido. Talvez esta seja uma boa razão para celebrar.

22.6.04

Gosto

de perder horas a planear uma viagem. Antes de partir tentar conhecer a cidade para onde vou, apaixonar-me pelos sitios que vou ver. Muito do prazer de viajar começa aqui. A liberdade de escolher o que quero ver, o que quero fazer, que começa com a (tentativa de) descoberta das alternativas que me vão surgir. E sem sair de casa posso viajar, imaginar locais.

20.6.04

Electrico de Sintra à praia das Maças de volta :-)

Queria

poder voar dissolver-me no céu ser nuvem correr o mundo amar o nada amar apenas

Se me perguntardes se sou feliz, responder-vos-ei o que não sou. Bernardo Soares in Livro do Desassossego (trecho 60)

15.6.04

É humano querer o que nos é preciso, e é humano desejar o que não nos é preciso, mas é para nós desejável. O que é doença é desejar com igual intensidade o que é preciso e o que é desejável, e sofrer por não se ser perfeito como se sofresse por não ter pão. O mal romântico é este: querer a lua como se houvesse maneira de a obter Bernardo Soares in Livro do Desassossego (trecho 53)

12.6.04

Tempo...

Que às vezes parece correr à minha volta sem nada mudar em mim... Esta semana, pela segunda vez, passo ao lado da feira popular e sinto falta das luzes. A feira popular que sempre ali esteve com toda a sua alegria. Com a cor das mesmas diversões de sempre, talvez mais desbotada pelo sol dos anos que passaram. Com os mesmos restaurantes barulhentos de mesas corridas e toalhas de quadrados, as mesmas bifanas com batatas fritas engorduradas. O algodão doce proibido: "Aquilo é só açucar e corantes, faz mal aos dentes". A mesma musica irritante de sempre. Não é pelas memórias que ficam. Mas sim porque sempre ali esteve. Agora resta apenas o abandono para que em breve comecem as obras para fazer daquele espaço um sitio talvez bonito. E cair para sempre no esquecimento. Porque o tempo passa e com ele as próprias memórias vão mudando. Vão-se ajustando ao que gostariamos que tivessem sido.

10.6.04

De que vale ter voz se só quando não falo é que me entendem? De que vale acordar se o que vivo é menos do que o que sonhei? Mia Couto, in O fio das missangas

9.6.04

Um ponto?

Porque nunca nada é igual

e tudo gira em circulos à volta de um ponto. Um ponto apenas. Que não sendo nada talvez seja apenas o infinito. Um ponto que desconheço e quero alcançar. Quando apenas sinto o vazio e nada parece conseguir encher os dias de sentido, olho para o horizonte. Outras vezes para um grão de areia. Ou simplesmente deixo de olhar. E sonho. Sonho o infinito. Para logo fugir dele. Tal como me atrai, assusta-me. Fugo, para voltar a viver em circulos. E tudo deixa de fazer sentido mais uma vez. E isso não importa mais... Volto a passar por lugares, pessoas que em algum momento me marcaram. Que em algum momento foram a minha vida. Talvez por instantes a minha felicidade tivesse mesmo passado por aí. E agora já nada são. Olhar apenas e ver o passado, já sem o sentir. Talvez nada gire em circulos...

1.6.04

Dia da Criança

Ser criança é: Acordar todos os dias para viver uma grande aventura; Comer um gelado e querer outro maior logo a seguir; Pensar que a casa dos caracóis tem tudo o que têm as nossas; Acreditar que o mundo é enorme e que há espaço para toda a gente; Fazer uma birra por uma causa justa (mesmo que seja um rebuçado). Ser criança é conseguir ler um livro com os olhos, com o nariz, com as orelhas, com as mãos e com a boca. A todas as crianças eu peço que não tenham pressa... Cresçam devagarinho Mafalda Milhões, O Bichinho de conto

dias que correm

que passam por mim sem que os sinta. Atrás de uma imensidão de coisas sempre importantes, sempre urgentes vou-me adiando, esquecendo-me do que escolhi viver. De quem sonhei ser. Vou passando pelos dias a correr, esquecendo-me de amar. Esquecendo-me de ser feliz, de sorrir para a lua cheia que enche a noite de luz. Talvez esteja apenas cansada.