31.5.06

haverá por aí uma lâmpada mágica que possa usar?

queria acabar o artigo que arrasto há semanas, queria passar uma tarde na praia, a noite nos copos, no teatro, ver uns filmes que andam por aí e que até já me fui esquecendo quais, passar uma tarde a ouvir o Crepúsculo. ler os livros que se acumulam na mesa de cabeceira, na prateleira dos livros para ler, no chão ao pé do sofá e os que vou comprar na feira do livro, quando lá for. queria ir de férias, queria fazer fotografia, perder-me no tempo com o fascínio de ver as imagens formarem-se no papel. queria tratar a minha orquídea, aprender a fazer bonsais. ter tempo para mim, para me perceber no passado, presente e direccionar o amanhã. estar com os meus sobrinhos e perder-me com eles, ir beber aquela cerveja, fazer a cerveja que tenho adiado à semanas, convidar aquelas amigas e mais aquelas para um chá e bolos, feitos por mim, claro. queria ir acampar, pintar a parede, estar com os meus pais, ir jantar ao meu irmão, fazer aquela visita, combinar mais uns jantares sempre adiados. ter disponibilidade para os outros, para o mundo.

E ainda não inventaram nenhum sorteio que me permita "ganhar" tudo isto de uma só vez.

21.5.06

perdi-me no momento em que a infância se dissolveu no primeiro desgosto. Al Berto, O Medo

17.5.06

2 anos

que estou aqui e nem dei pelo tempo passar. comecei o meu PhD, apaixonei-me pela vertigem de um abismo, a paixão passou. comprei casa, mudei-me, apaixonei-me pelas palavras que me escreveram e que uma manhã despareceram ficando apenas as páginas em branco. cá por casa as plantas foram crescendo, florindo, algumas morrendo, outras nasceram porque quiseram. escrevi dois artigos, voei até ao Japão onde conheci um sapo e um principe; beijei o principe. fui feliz passeando sozinha pela Coreia. os móveis foram aparecendo cá por casa, até há já um candeeiro. toquei o mundo de fantasia do Harry Potter e o principe transformou-se em sapo. continuo sem saber para que escrevo estas palavras, continuo a querer voar e agarrar os sonhos, continuo sem saber que sonhar. meteram-me em mais 2 blogs. um está mais morto que vivo. o outro deveria escrever-se a 4.

15.5.06

Não sei bem porque há dias pus aqui esta foto, estava a arrumar coisas e dei por ela. Pareceu-me tão distante, um lugar tão diferente do mundo como habitualmente o conhecemos. O tamanho das casinhas ao fundo comparado com a monumental igreja, o contraste da cor do chão e do azul, branco, cinzento do céu. O menino que espontaneamente correu para ficar na fotografia. Acho que me admirei por ser no planeta Terra. Acho que me admirei por quase ter esquecido estas imagens.

11.5.06

Calandula - Angola, 2002

8.5.06

Lembro-me de quando:

de olhos fechados ou abertos, fazendo jogos com as cores das pedras da calçada, como todas as crianças gostam de fazer, me perdia na minha imaginação. A partir do nada, de uma pedra um pouco diferente ou de uma nuvem vulgar, começava a construir histórias das quais eu era sempre o personagem principal. Lentamente fui percebendo que essas histórias que eu vivia não eram a realidade, tal como as histórias que me liam ou que assistia na televisão.

Como a realidade nunca era o que eu imaginava enquanto saltitava ao lado da minha avó, passei a evitar imaginar as histórias mais bonitas, numa tentativa que essas se transformassem na minha realidade. Depois deixei de pensar nisso, deixei-me dessas teorias de criança. Passaram os dias, e as semanas, e os anos. E volto a pensar nisto. Em como tantos sonhos se desfazem e como tantas vezes a beleza da realidade me surpreende. Ontem fazia o jogo ao contrário, imaginando quão diferentes os meus dias poderiam ser. Como quem eu sou depende dos mais ínfimos detalhes. Aqueles nos quais nem eu reparo. Um instante e tudo seria diferente. Olho para os momentos de felicidade que vou vivendo. Não me lembro de os ter imaginado.

1.5.06

Memory is a funny thing. When I was in the scene I hardly paid it attention. I never stopped to think of it as something that would make a lasting impression, certainly never imagined that (...) later I would recall it in such detail. I didn't give a damn about the scenery that day. Haruki Murakami, Norwegian wood