vida doméstica
quando as forças ou o tempo se esgota. ou as duas em simultâneo. e a casa está acabada de limpar, como eu gosto de a ver mas nunca tenho tempo ou paciência. o copo de vidro mais grosso cai da última prateleira do armário e desfaz-se num número infinito de pedacinhos que se espalham por cada milímetro de chão de cozinha, por de trás das garrafas, entre os pés das pernas das mesas e das cadeiras, por baixo do frigorifico, do fogão, estendem-se à varanda, ao quarto à sala. por toda a casa os pedacinhos ínfimos, quase invisíveis de vidro castanho da cor do chão. e fico ali parada, descalça, frágil, com vontade de fugir para sempre, sem saber como me mexer. descalça, rodeada de um mar de vidros.
Sem comentários:
Enviar um comentário