Há lugares assim...
Computadores, sim, existem. Mas apenas para alguns...nem toda a gente tem a coragem suficiente para se atrever a tocar-lhes. Net? claro que não. Demasiado complicado. Fazer um telefonema? Sim, é possivel. Marca-se o 9. A telefonista atende. 'Boa tarde queria ligar para o 218419196 por favor. Aguarde só um momento que já passo a chamada.' Desliga-se o telefone e espera-se que toque. Consegue-se finalmente falar. Um laboratório onde nascem gatos. Um laboratório e um escritório com paredes forradas a prateleiras, cheias de arquivadores pretos, com lombadas pretas e de um amarelo que em tempos já foi branco. Lombadas escritas com uma caligrafia bem desenhada, a lápis, já quase apagado pelo pó que se acumula. Ao lado um armário de madeira com portas de vidro martelado. Aí guarda-se material de vidro. Em cima uma magnifica máquina de escrever, um monitor avariado de um computador inexistente e uma ventoinha coberta por um saco de plástico. Colado aos muros desta fábrica. Sim, isto é uma fábrica. Estamos no século XXI, num país da europa. Colado às paredes desta fabrica há um prado com ovelhas. Também já por lá vi vacas. Saindo pelo portão, é fácil cumprimentar os galos que por ali se passeiam, um pouco baralhados com a confusão de camiões que entram e saiem. Na rua, casinhas minúsculas alinham-se junto à linha do comboio, adornadas por vasos de flores, muitos sem flores. Na berma da estrada crescem couves, que uma senhora cuidadosamente vai tratando, rega-as, tira ervas daninhas que por ali vão nascendo, juntamente com margaridas. Os velhotes estão parados à porta dessas minúsculas casas, entaladas entre a linha de comboio e a estrada, decoradas com azulejos de santos. Os quintais, esses alugam-se. Para estacionar os carros de quem por ali trabalha, naquela grande fábrica.
1 comentário:
Mas que bicharada... isso ainda é pior do que eu achava... enfim...
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