Terminei a colcha que nunca comecei. Que levei semanas a fio a tricotar, no sofá da sala, decorada com as luzes da cidade, com o ruído do rio a correr, tão distante, mesmo ali ao lado. “Tocas as flores murchas que alguém te ofereceu...” – dizem as palavras que alguém cantou, que dançam diante de mim. Pousei as agulhas. Arrumei as lãs nunca compradas na parte de cima do roupeiro. Com cuidado e o carinho que ainda te tenho dobrei essa colcha quase infinita. Arrumei-a no mesmo roupeiro, ao lado das lãs, envolta num velho lençol branco. Para não ganhar pó.
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