1.8.04

Algarve

Onde as amendoeiras já não se enchem de flores. Desgostosa ficaria a princesa por quem o algarve foi coberto de amendoeiras para que, durante a primavera, o branco cobrisse os campos e as saudades do seu distante país, sempre coberto de neve, não entristecessem o seu coração. O cheiro a alfarroba, o acre do chão de cálcario. As figueiras perdidas, já sem dono, cobertas de figos demasiado doces que se comem até não puder mais. E indo mais para o interior, passando por algumas casinhas pequenas, muito brancas pela cal, o verde vai-se tornando mais fresco. O cheiro vai mudando. Entrando na serra de xistos, o cheiro doce e quente do calcário misturado com alfarroba vai-se tornando mais ténue. Montes suaves cobertos de estevas, aqui e além um magnífico sobreiro. Sem nunca deixar de procurar os medronheiros com os seus desejados frutos vermelhos. Junto aos ribeiros as silvas cobertas de amoras pretas e doces. E depois de uma longa caminhada ir até um simples restaurante onde para comer não há nada: "só telefonando antes para encomendar". Mas há sempre uma boa sandes de pão caseiro com um bom presunto. Muita água fresca, porque o calor aperta. Não tenho imagens. Destas terras que agora apenas existem numa infância (já perdida?) apenas guardei os cheiros.

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